quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O ARMISTÍCIO DE COMPIÈGNE




"Todas as hostilidades cessarão em toda a frente às 11h do dia 11 de novembro (hora francesa)."


Essa foi a ordem do General francês Ferdinand Foch às tropas Aliadas, depois de assinar junto ao representante alemão Matthias Erzberger, o Armistício que colocou fim aos confrontos entre os beligerantes da Grande Guerra, em novembro de 1918.


"Quando esse momento chegou (a décima primeira hora do décimo primeiro dia do décimo primeiro mês), cessaram todos os combates na frente ocidental. O Kaiser... já estava no solo neutro da Holanda" (GILBERT, 2017, p. 632).


Como consequência, no ano seguinte foi elaborado o Tratado de Versalhes para formalizar oficialmente a paz entre as nações que guerrearam na I Guerra Mundial. A Alemanha foi a principal responsabilizada pelo conflito e sofreu várias penas decorrentes disso. Isso trouxe uma instabilidade enorme no país e a deixou em uma situação muito vulnerável. Olhe a citação a seguir:


"Antes da I Guerra Mundial, a taxa de câmbio era de 4,2 marcos alemães para um dólar. Com o peso da inflação, tornaram-se necessários 4,2 trilhões de marcos para igualar um dólar" (JORDAN, 2008, p. 10).


Talvez você já se perguntou como a Alemanha acreditou em Adolf Hitler e permitiu sua ascensão ao poder. Mas você já tinha se dado conta que a população queimava dinheiro como lenha nesse período para não gastar madeira? Veja o tamanho da inflação na citação anterior e imagine a situação do país no pós I Guerra. Terreno fértil para o fortalecimento de ideias radicais.



Fonte:

JORDAN, David e WIEST, Andrew. Atlas da II Guerra Mundial. São Paulo: Editora Escala, 2008.

GILBERT, Martin. A Primeira Guerra Mundial: Os 1.590 dias que transformaram o mundo. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2017.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

A LEI "PARA INGLÊS VER"

Você já ouviu falar da expressão: Isso aí é "pra inglês ver"?

Não é tão comum  hoje em dia, mas pelo menos eu já a ouvi bastante. Provavelmente você sabe o que significa. Remete a alguém que faz algo, só para mostrar a outro, mas que não tem um real impacto prático na realidade, certo?

Pois bem, mas você sabe onde surgiu? Leia a referência a seguir:

"Em 1826, a Inglaterra arrancou do Brasil um tratado pelo qual, três anos após sua ratificação, seria declarado ilegal o tráfico de escravos para o Brasil, de qualquer proveniência. A Inglaterra se reservou ainda o direito de inspecionar, em alto-mar, navios suspeitos de comércio ilegal. O acordo entrou em vigor em março de 1827, devendo pois ter eficácia a partir de março de 1830. Uma lei de 7 de novembro de 1831 tentou pôr em andamento o tratado ao prever a aplicação de severas penas aos traficantes e declarar livres todos os cativos que entrassem no Brasil, após aquela data. A lei foi aprovada em um momento de temporária queda do fluxo de escravos. Logo depois, o fluxo voltou a crescer e os dispositivos da lei não foram praticamente aplicados.

Os traficantes ainda não eram malvistos nas camadas dominantes e se beneficiaram também das reformas descentralizadoras, realizadas pela Regência. Os júris locais, controlados pelos grandes proprietários, absolviam os poucos acusados que iam a julgamento. A lei de 1831 foi considerada uma lei 'para inglês ver'". (FAUSTO, 2019)

Em suma, os britânicos eram abolicionistas. O Brasil estava entrelaçado com os ingleses por diversos favores recebidos. A Inglaterra pressionava o Brasil para que abolissem o tráfico de escravos o quanto antes, mantendo assim a relação entre os dois impérios saudável. Para o Brasil não era favorável, haja vista que a economia brasileira, ainda essencialmente agrária, dependia muito do trabalho escravo, diferentemente dos ingleses, já avançados tecnológica e industrialmente.

Há também estudiosos que digam que não foi por pressão inglesa que foi promulgada essa lei, mas, pelo contrário, para mandar um recado aos ingleses de que a abolição do tráfico seria feita do modo brasileiro e não por pressão estrangeira.

De qualquer modo, a lei, que ficou conhecida na historiografia como "Lei Feijó", não foi eficaz e os juris, ligados aos grandes proprietários, absolviam os acusados de tráfico, sob diversos pretextos.




Acima temos a publicação no jornal Diário de Pernambuco sobre a lei promulgada. Curiosamente, a lei foi publicada na província do Pernambuco somente cerca de três meses depois da promulgação da lei. Mostra muito sobre como era o tempo no século XIX. E você reclamando de esperar segundos para carregar uma página da internet, rs!

Você pode consultar a lei no site do Governo Federal clicando aqui.

Prof. João Torelli.


Fonte: FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2019.

TRABALHO E A ÉTICA CRISTÃ!


"Escravos, obedeçam em tudo a seus senhores terrenos, não somente para agradar os homens quando eles estão observando, mas com sinceridade de coração, pelo fato de vocês temerem ao Senhor.
Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens,
sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo. Quem cometer injustiça receberá de volta injustiça, e não haverá exceção para ninguém".

COLOSSENSES 3:22-25


Temos que contextualizar a palavra "escravos", onde e quando ela foi dita. Paulo está escrevendo no século I da nossa era, dentro dos domínios do Império Romano. Apesar de ser uma porção relativamente pequena, quantitativamente falando, nas divisões sociais do período, os escravos formavam a base daquela sociedade. E, consequentemente, escravos e seus senhores se converteram ao cristianismo ao ouvirem a mensagem evangelística que se espalhava rapidamente pelos domínios romanos, pregada pelos apóstolos e seus discípulos.

Entretanto, tão logo se convertiam, começavam a indagar-se sobre a situação de servidão que se encontravam, gerando certa confusão ao ouvirem que, pela salvação que Cristo lhes proporcionou, estavam livres completamente. Qual era o limite dessa liberdade? Deveriam também se livrarem de seus senhores terrenos?


Nesse ínterim que Paulo tem que esclarecer alguns pontos relacionados à liberdade, trabalho, servidão, etc. O apóstolo escreve aos colossenses, que os que são escravos não precisam mudar a sua condição terrena, mas pelo contrário, servir ainda melhor o seu senhor terreno, como se estivesse servindo ao próprio Senhor Deus, afinal, a liberdade deles era espiritual e eterna! Não quer dizer que Paulo era a favor da escravidão, tanto é que ele escreve uma carta à Filemom, senhor de Onésimo, um escravo que havia se convertido sob o ministério de Paulo, a fim de que Filemom recebesse esse escravo fugido, não mais na condição de servo, mas de irmão, já que ambos fazem parte do mesmo Reino de Cristo agora.

Ou seja, vemos nos escritos Paulinos recomendações aos escravos, que se preocupem com suas liberdades em Cristo, espirituais, e que na condição que estejam, livres ou servos, trabalhem de modo exemplar. Também recomenda aos senhores que possuem escravos, que os tratem da melhor maneira possível, no caso de Filemom, que trate Onésimo (seu escravo) como um irmão!

Claro que o princípio bíblico se aplica para nós hoje, no século XXI, dentro de um sistema totalmente diferente dos tempos no Novo Testamento. Trabalhamos livremente em troca de salários, não somos escravos, mas empregados e o princípio de obediência, exemplo e gratidão é o mesmo. O cristão, segundo a ética bíblica, é impulsionado à trabalhar como um empregado exemplar, com alegria e dedicação, pois este deve trabalhar como se estivesse trabalhando para Deus. Imagine você chegar no seu trabalho na segunda-feira e pensar assim: "Deus é o meu patrão". Como seria seu dia de trabalho?

Óbvio que essa ética se aplica aos "patrões" também. Paulo fala para um senhor de escravo tratá-lo como irmão (Filemom 1.10-16). Imagina o que Paulo falaria para um homem que tem uma relação muito mais maleável com um subordinado, como são as relações patrão/empregado hoje. Patrões, trate seus empregados da melhor maneira possível. Você não é cristão somente em casa e na igreja, mas também na sua empresa!

João Torelli

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